segunda-feira, 13 de outubro de 2008

O ErmitãoQuando comecei a fotografá-lo demonstrou bastante contrariedade, e, esbravejando, entrou em sua casa. Em seguida voltou vestido e com óculos escuros e, muito simpático, disse-me que “não se pode fotografar um homem sem camisa”.
António Durão não sabe sua idade. Mora só, em uma casa construída com barro e sucatas. A base da construção é uma carcaça de automóvel. Tem planos de aumentar a edificação, a qual chama de “sua obra de arte”. A residência tem luz elétrica e televisão.
Perguntado sobre sua família, não responde.
Fez questão de ser fotografado com farto material de campanha do MPLA, ostentando um pôster do presidente José Eduardo dos Santos.
Pergunta-me se sou brasileiro. Diante de minha afirmativa, diz que também é. Pergunto-lhe onde nasceu e reponde que “em Angola, mas que é brasileiro”. Repetidas vezes, como um mantra, diz “Rio de Janeiro, Bahia, Ceará, São Luiz do Maranhão”.
Cita Glberto Gil e Lula, o qual diz ser o “presidente do povo”. Revela que Lula é angolano e que o ex-ministro “sabe muita coisa, mas não pode revelar”. Peço-lhe para explicar melhor esse impedimento quando, místico, responde: “Eles não podem saber da nossa existência!”.

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